21 julho 2011

Hoje

Meu coração
cão em disparada
ponto de partida
longa é a estrada

                           Longa é a estrada
                           doce, mel, molhada
                           tâmara na boca
                            uivo contra o vento
Uivo contra o vento
cipó do cerrado
corpo compatível
passo partilhado
                            Passo partilhado
                            pé da cordilheira
                            eixo alinhado
                            ao ciclo do ouro
De amante

18 janeiro 2010

A outra

Eu sou a outra daquela uma, que Deus a tenha, coitada

Cabelos negros, em seu colo, enfim amparada.


Eu sou a outra, daquela uma, buscas sinceras roubadas

Fora do curso, urgente, a toda hora desviada.


Eu sou a outra daquela uma, em fotos grafada

Precipícios, cordilheiras, desvalida, desvairada.


Eu sou a outra, a destemida

Daquela uma, destronada,

Segunda parte da vida,

Início de uma longa estrada.

Primeiros socorros

Morada doce do corpo

Desandou

Por medo, susto, agonia

Antes pouso da alegria,

Perdeu a mão

Desandou.


Buraco negro, vago , corroído,

Sem conteúdo, socado, sofrido.


Carece abrir janelas,

Abrir as portas,

Arejar.

Carece fechar os olhos,

Quedar-se quieto,

Acomodar.


Entre a orquídea do peito, e a mina do coração.

Carece som de viola, olhar de criança, cheiro de flor

Carece mão carinhosa, àgua do mar, luz do amor.

Manhã de sol

 (para Nina,  23.06.09)

Como é que, de repente

O mundo deixou de ser urgente?


E o passo aflito desliza agora,

Em mão única?


Como é que o anseio frustrado, de repente, é calma?

E o vazio, céu estrelado?


De repente, manhã de sol, retrato de gazela.

Lar, leito, brancura de lençol.

A vida passada à limpo.


De repente, na manhã de hoje,

Um dia cheio de manhãs.

15 novembro 2009

Quem sou eu

À noite fantasmas
De dia empreitadas
Antes do sol, pássaros
Durante a lua, segredos
Em todos os momentos, música
Na hora da alegria, dançar
Na hora da tristeza, dançar
Na hora de fugir, dançar
Na hora de ficar, dançar
No escuro de se ver,  escrever, escrever, escrever.

01 novembro 2009

memória olfativa

Cheiro de chuva,
é o cheiro de uma criança livre

Cheiro de maresia,
é o cheiro de anseios de uma jovem solitária

Cheiro de pão,
é o cheiro de curar mãe, privada dos seus filhos

Cheiro de suor,
é cheiro de amar o companheiro

Cheiro de mato,
é o cheiro de chegar em casa

Cheiro de neta,
é o cheiro que trouxe a paz.

31 outubro 2009

Música em mim.

Dez músicas relembradas, dez momentos vividos. Enquanto eu falava para o grupo de amigos escreviventes, um passado se atualizava. Eu que gosto tanto do presente, sempre e sempre, me comovia com aqueles retalhos da minha vida.

Hoje são outras músicas, outros começos, outras pessoas, outras estradas. Um dia, talvez, cantarei  novamente para ouvidos acolhedores, reconhecendo meu personagem em notas musicais.